O que é a respiração de cheyne-stokes?

A respiração de cheyne-stokes é caracterizada por um padrão respiratório evidenciado por períodos cíclicos de hiperpneia e bradpnéia, alternando com períodos de respiração profunda e apneia.

Qual é a fisiopatologia da respiração de cheyne-stokes?

Em condições consideradas normais, o controle da respiração se dá principalmente através da concentração de gás carbônico no sangue.

Esse sistema funciona através de feedbacks negativos, que ativam ou inibem a respiração, por meio da rápida circulação sanguínea entre os pulmões e cérebro.

O aumento do gás carbônico no sangue sensibiliza o centro respiratório no sistema nervoso central a aumentar as ventilações.

Por outro lado, se a concentração de gás carbônico está baixa no sangue, o centro respiratório será menos ativado, e dessa forma as ventilações diminuirão.

E como a respiração de cheyne-stokes surge?

Surge por dois motivos:

  1. Insuficiência cardíaca grave;
  2. Lesões cerebrais que atingiram o centro respiratório no sistema nervoso central.

Insuficiência Cardíaca Grave

A insuficiência cardíaca grave leva à respiração de cheyne-stokes devido à hipocapnia, ou seja, a uma baixa concentração de gás carbônico no sangue.

O sistema respiratório trabalha através do sistema de feedback negativo do centro respiratório e qualquer problema que promova um problema nesse sistema pode desencadear a respiração de cheyne-stokes.

A insuficiência cardíaca grave

Qualquer condição que promova um aumento anormal de gás carbônico no sangue, promove também um excesso de estimulação do centro respiratório causando um aumento anormal de ventilações.

Desse modo, os problemas cardíacos graves levam a uma dificuldade de circular o sangue e tornam a circulação pulmonar mais lenta. O sangue ficará mais tempo nos capilares pulmonares. Quanto mais tempo o sangue permanece nos pulmões, mais ocorre trocas gasosas, mais o gás carbônico irá sair do corpo. Isso causará uma diminuição anormal do gás carbônico no sangue, condição chamada de hipocapnia.

O problema surge exatamente da hipocapnia, o que deixa de ativar o centro respiratório no sistema nervoso central. Isso faz com que as ventilações tenham cada vez menos amplitude, até atingir a apneia.

Lembre-se de que, é o gás carbônico no sangue que ativa a circulação.

A apneia, por sua vez, promove um aumento do gás carbônico no sangue, pois não está havendo ventilações e consequentemente não está havendo também trocas gasosas. O gás carbônico começa a aumentar na corrente sanguínea voltando a ativar o centro respiratório. No entanto, o aumento drástico do gás carbônico sensibiliza em demasia o centro respiratório, que irá provocar em resposta, um aumento gradativo da amplitude das ventilações.

Como a insuficiência cardíaca não é capaz de promover uma circulação rápida e eficiente e o sangue continua a passar devagar pelos pulmões, o aumento das ventilações retiram rapidamente o gás carbônico do sangue, voltando a hipocapnia e diminuição das ventilações até atingir novamente outro período de apneia.

Podemos resumir em a fisiopatologia da respiração de cheyne-stokes causada por insuficiência cardíaca, em 5 etapas:

  • Etapa 1 – A circulação lentificada promove hipocapnia. O sangue permanecendo mais tempo nos pulmões, faz com que o gás carbônico seja retirado do corpo em maior quantidade;
  • Etapa 2 – A hipocapnia estimula pouco o centro respiratório. Temos diminuição gradativa das incursões respiratótios que vão evoluindo até chegar a apneia;
  • Etapa 3 – A apneia faz hipercapnia. O gás carbônico não está saindo do corpo pois não está havendo ventilações. A hipercapnia estimula cada vez mais o centro respiratório a provocar incursões respiratórias cada vez mais amplas gerando dispneia;
  • Etapa 4 – A hiperventilação promove hipocapnia. A baixa quantidade de gás carbônico leva a uma nova diminuição da estimuiação do centro respiratório gerando incursões respiratórias cada vez mais lentas, gerando uma respiração superficial, até atingir a apneia.

Esse ciclo de apneia, ventilações de amplitude crescente e depois decrescente até chegar novamente em apneia, é conhecida por respiração de cheyne-stokes.

 

Lesões cerebrais que atingiram o centro respiratório no sistema nervoso central.

Uma lesão cerebral pode impedir que o centro respiratório faça o controle da respiração por alguns segundos, causando apneia.

A apneia por sua vez promove um aumento significativo de dióxido de carbono no sangue, que faz com que o centro respiratório tenha um aumento gradativo das incursões respiratórias.

Aumentando as incursões respiratórias, ocorre a hipocapnia e isso faz com que o centro respiratório deixe de ativar, gerando apneia e uma nova hipercapnia.


Referências Bibliográficas

BARRETT, BARMAN, BOITANO, BROOKS – Fisiologia Médica de Ganong. 24a ed. 2014.

GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017.

 

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Marcus Vinícius

Enfermeiro, Servidor Público, Coordenador Técnico do CAPS 1 de Lagoa da Prata-MG, empreendedor e blogueiro que dedica parte do seu tempo para a partilha de material de grande qualidade relacionados a Enfermagem e Sáude Pública.

Website: http://www.abcdaenfermagem.com.br

2 Comments

  1. Sou a Marina Almeida, gostei muito do seu artigo tem
    muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.

    • Fico muito feliz que gostou Marina Almeida! Espero produzir sempre, artigos que possam te ajudar

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