Quimioterapia pode matar o paciente?

Quimioterapia pode matar o paciente?

Quando tratamos do câncer, em especial os tumores hematológicos como as leucemias e o linfoma, o tratamento de escolha é a quimioterapia (SILVA, 2018).

Os quimioterápicos atuam nas células que mais se reproduzem como as células neoplásicas, mas também atuam em células normais, especialmente em tecidos que necessitam de realizar maior número de mitoses, causando efeitos adversos.

Nos tecidos da medula óssea, locais de síntese de células de defesa, o quimioterápicos podem causar a leucopenia (redução de leucócitos), o que configura uma imunidade reduzida, tornando o paciente vulnerável à infecções.

Vale informar que, a presença de infecção no paciente neutropênico é considerada um caso de emergência médica, pois na maioria dos casos, o paciente apresenta sinais e sintomas muito sutis e podem se agravar bem rapidamente evoluindo para o quadro de sepse, podendo levar ao óbito.

É bom informar que durante a realização da quimioterapia, a febre é considerado o único sinal de infecção, visto que a leucopenia (queda da imunidade) impede a maioria das reações corporais ao microrganismo invasor.

Neste sentido, caso haja a presença de quadros infeccioso, a “quimioterapia pode matar o paciente” e para evitar essa complicação, vários protocolos de atendimentos são utilizados nas clínicas oncológicas.

Como proteger o paciente?

Vale informar que, o  procedimento de colocação de cateter intravenoso para a administração da quimioterápicos deve ser realizado apenas pelo enfermeiro, conforme o Parecer de nº 001/2014, emitido pelo Conselho Regional de Enfermagem do Paraná.

Considera-se que a administração de drogas quimioterápicas é classificada como uma atividade assistencial de alta complexidade técnica e por isso deve ser administrada pelo enfermeiro, cabendo ao técnico e auxiliar de enfermagem assumir o controle da infusão das medicações.

É bom mencionar que a quimioterapia permite o tratamento do câncer melhorando o prognóstico, possibilitando a uma melhor sobrevida e levando a cura nos casos de tumores iniciais.

Neste sentido, o uso de medicamentos quimioterápicos envolve 3 metas principais:

  1. a cura;
  2. prolongamento da vida; e
  3. a melhora da qualidade de vida.

Esses medicamentos são comumente administrados por via intravenosa, no entanto, também são utilizados as via oral, intramuscular, subcutânea, tópica e intratecal.

Efeitos adversos da quimioterapia

Ao ser administrados, esses os fármacos se misturam ao sangue e vão para todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que formam o tumor e impedindo que o câncer se espalhe pelo corpo (metástase).

Como já mencionado nas linhas anteriores, os quimioterápicos atuam nas células cancerígenas e também nas células normais, causando efeitos indesejados.

Quais são os efeitos indesejados da quimioterapia?

Os fármacos antineoplásicos atuam nas células que se replicam rápido no corpo, como as células tumorais.

No entanto, esses medicamentos também atuam nas células saudáveis, causando os efeitos indesejáveis, principalmente em tecidos que apresentam constante renovação celular.

Os principais efeitos adversos são (BONASSA ET AL., 2012):

TecidosSinais e Sintomas
Medula ósseaPancitopenia (diminuição dos leucócitos), plaquetopenia e anemia.
Pele, cabelos e unhasAlopecia (queda dos cabelos), fragilidade, ressecamento e hiperpigmentação.
Sistema gastrointestinalMuscosite, inapetência (falta de apetite), alteração do paladar, náusea e diarréia.
Sistema musculoesqueléticomialgia e fadiga

Vale mencionar que as células do trato gastrointestinal (da boca ao ânus) multiplicam-se constantemente e por isso são mais sensíveis ao uso dos quimioterápicos.

Comumente os pacientes apresentam mucosite (lesões de mucosa), inapetência (ausência de fome), náusea, vômitos, diarreia e/ou constipação.

No entanto, esses sintomas tendem a melhorar com depois da primeira semana de tratamento.

Além disso, as células do sangue também podem sofrer com a ação dos fármacos e o paciente apresentar anemia, leucopenia (diminuição das células de defesa e aumento de chance de infecção) e plaquetopenia (queda de plaquetas elevando o risco de hemorragias).

Outro sintoma bastante comum é a alopecia (queda dos cabelos), que pode ser temporária ou permanente.

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Referências Bibliográficas

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 210 de 4 de agosto de 2003b. Regulamento técnico das boas práticas para a fabricação de medicamento. Disponível em <https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/2021069/do1-2018-01-22-resolucao-rdc-n-210-de-19-de-janeiro-de-2018-2021065>. Acesso em 23 de fev. de 2022.

BONASSA E. M. A. et al. Administração dos agentes antineoplásicos. In: BONASSA, E. M. A.; GATO, M. I. R. Terapêutica Oncológica para Enfermeiros e Farmacêuticos. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2012.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Quimioterapia: Informações ao Paciente. Rio de Janeiro: INCA, 2010.

SILVA, Luciana de Barros. Gerenciamento dos riscos associados à infecção em pacientes onco-hematológicos pós-quimioterapia: estudo observacional. Dissertação apresentada à Banca Examinadora de defesa final, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense, 2018. Disponível em <https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/6272/Luciana%20de%20Barros%20da%20Silva.pdf?sequence=1>. Acesso em 24 de fev. de 2022.

 

 

 

 

 

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Marcus Vinícius

Enfermeiro, Servidor Público, Coordenador Técnico do CAPS 1 de Lagoa da Prata-MG, empreendedor e blogueiro que dedica parte do seu tempo para a partilha de material de grande qualidade relacionados a Enfermagem e Sáude Pública.

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