Acatisia
Acatisia
Você sabe o que é acatisia?
O termo acatisia refere-se a uma sensação subjetiva de mal estar, desconforto ansioso e uma necessidade incontrolável de estar em movimento.
Em outras, trata-se de um transtorno de movimento relacionado ao sistema motor e é caracterizado por uma sensação de inquietude interna, desassossego ou disforia.
Os pacientes com acatisia tem necessidade de realizar movimentos como:
- Balanço alternado dos pés;
- Caminhar no mesmo lugar;
- Movimentos no sentido ântero-posterior do corpo;
- Balanço alternado das pernas quando sentado.
O paciente sente uma necessidade de andar constante, balançar o corpo para frente e para trás enquanto sentado ou de pé.
A acatisia é caracterizada pela realização de movimentos voluntários com a finalidade de aliviar a inquietude e o desassossego.
Em casos mais graves, o paciente levanta-se e abaixa-se para aliviar um desconforto ansioso, que é muito mais intenso.
Classificação
A acatisia, é classificada em aguda e crônica.
- Acatisia Aguda – os sintomas se iniciaram nos últimos 6 meses após a introdução do antipsicótico ou o aumento da sua dosagem;
- Acatisia Crônica – os sintomas se iniciaram após seis meses introdução da antipsicótico ou o aumento da sua dosagem.
Fisiopatologia
Segundo a teoria dopaminérgica, a esquizofrenia surge do aumento de dopamina nas vias dopaminérgicas, mesolimbica e mesocortical.
Essa alteração gera nos pacientes uma disfunção comportamental acentuada, alucinações, incapacidade de raciocínio coerente distorção da realidade, caracterizando a esquizofrenia.
Com a finalidade de corrigir esses sintomas, são utilizados os antipsicóticos, que são medicamentos que atuam bloqueando os receptores da dopamina no sistema nervoso central.
Sendo mais exato, os medicamentos antipsicóticos atuam impedindo a ligação da dopamina no receptor D2 nas vias dopaminérgica mesolímbica e mesocortical, ou seja são fármacos antagonistas.
Isso provoca a diminuição gradativa do sintomas psicóticos até a sua completa resolução.
No entanto, existem receptores D2 também na Via nigro-estriatal, um importante centro de controle de motora somática.
Quando o antipsicótico bloqueia os receptores D2 na via nigroestriatal, ocorrem os efeitos adversos motores como a acatisia, distonia aguda, parkinsonismo farmacológico, discenesia tardia e tremor perioral. Esses distúrbios motores também são chamados de efeitos extrapiramidais.
Em suma, ao bloquear receptores D2 na via dopaminérgica e mesocortical, o paciente tem alívio dos sintomas da esquizofrenia, mas ao bloquear os receptores D2 da via nigroestriatal, o paciente tem os efeitos adversos.
Os efeitos adversos motores trazem um incomodo muito grande ao paciente, provocando no mesmo um desejo de interromper o tratamento. Neste sentido, é muito importante o profissional de saúde mental saber identificar corretamente os sintomas e encaminhar para o tratamento correto.
Tratamento
O tratamento da acatisia é muito importante, pois ao reduzir ou eliminar o sintoma, o paciente pode realizar o seu tratamento psiquiátrico tranquilamente.
A primeira medida a ser tomada, é a redução da dose e a substituição do antipsicótico. Isso promove a melhora dos sintomas.
No entanto, na maioria das vezes, a característica patológica do paciente exige uma dosagem mais forte de determinado medicamento não podendo ser trocado no momento, nesse caso, existem medicações que podem bloquear a acatisia.
O medicamento de primeira escolha é o Propranolol, que dever ser utilizado numa dose de 60 mg/dia. No entanto, se o Propranolol não for bem tolerado pelo paciente, pode ser utilizado anticolinérgicos, como o biperideno, numa dose de 6 a 8 mg/dia.
Além desses, podem ser utilizados também outros anticolinérgicos como o Triexafenid e Orfenadrina, antimuacarinicos como a benzatropina, ou, anti-histaminico como a prometazina.
Vale ressaltar que, em alguns estudos, o biperideno, seria a referência para o tratamento dos efeitos extrapiramidais causado pelo uso de antipsicóticos.
Neste sentido é importante que a avaliação médica tenha fundamentação teórica científica ao mesmo tempo que a experiência clínica deverá ser levada em conta.
Além disso é muito importante avaliar adequadamente os efeitos adversos provocada por essas medicações para que seja fornecido o tratamento adequado. Isto porquê esses efeitos indesejáveis são causas importantes da não adesão do paciente psiquiátrico,
Observação importante
Caso você seja um paciente em tratamento e tenha apresentado sintomas semelhantes a acatisia, não pare de tomar a medicação prescrita pelo seu médico.
Não se deve interromper um tratamento medicamentoso mesmo que você ache que não mais precisa dos medicamentos.
Antes de qualquer atitude, entre em contato com o seu médico, explique o que você está sentindo, para que ele tenha condições de fazer a adequação necessária para que melhor possa te ajudar.
Lembre-se sempre que o médico psiquiatra é um profissional capacitado para te ajudar, e o melhor a fazer, é com ele, ter uma relação de amizade e confiança.
As informações contidas nesse site tem apenas caráter informativo e não substitui de modo algum a consulta médica e de profissionais da saúde mental.
Se você gostou do conteúdo dessa postagem, compartilhe nas suas redes sociais, utilize o campo comentários se tiver dúvidas ou sugestões de conteúdo.
Um grande abraço!
Referências Bibliográficas
LIMA, Resende Lima; BACALTCHUK, Josué; FERRAZ, Marcos PT. Tratamento Farmacológico de Acatisia Induzida por Antipsicóticos. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, V. 23, N.3, Jun. 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462001000200010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 out. 2020.
PROTÓGENES, Marcela. Et. Al. Distúrbios do Movimento Induzidos por drogas. Revista Hospital Universitário Pedro Enersto, Rio de Janeiro, jan-jun. 2010. Disponível em: http://revista.hupe.uerj.br/WebRoot/pdf/152_pt.pdf Acesso em: 20 out. 2020.
DAMASIO, Joana; CARVALHO. Doenças Induzidas por Fármacos. A importância dos Psicofármacos. Acta Medicina Porto, Porto, V.24, N.4, p. 915-922, 2011. Disponível em: https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/viewFile/1577/1161 Acesso em: 20 out. 2020.
